o Título

O título deste blog "ILH@DO" se deve ao fato de que, quando da criação do mesmo, residia na "Ilha da Magia" - Florianópolis, fazia já mais de quinze anos. Lá mantenho uma casa onde vou toda vez que posso, às vezes, em busca de um refúgio, obtido no cuidar de minhas bromélias e orquídeas, entre outras coisas.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Eduardo Galeano

Sabem destas coisas, quando você acaba esbarrando na Internet com algo que não procurava? Vão dizer "sim". Pois é, então? Esbarrei com uma entrevista do Eduardo Galeano, aquele, autor do livro Veias Abertas na América Latina (1970), escritor e jornalista uruguaio, cidadão da América Latina, por muitos classificado como um verdadeiro "arquiteto da palavra", sem dúvidas um dos intelectuais latinoamericanos de maior prestígio (os mais letrados desculpem os detalhes, mas nem todos meus amigos e leitores são intelectuais...rsrsrsrsrs).

A entrevista foi concedida a Mario Augusto Jakobskind e publicada na versão impressa de Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte, nº 130, janeiro de 2007. Destaco dois momentos da entrevista.

Entrevistador: “As veias abertas na América Latina” estão mais abertas ainda do que há 37 anos atrás quando você escreveu esse trabalho, ou não, o que mudou?

Galeano: Estive há pouco tempo, duas semanas, em Buenos Aires, parte da minha família está lá, eu estava caminhando, feliz, quando encontrei o Conde Drácula, tinha chegado da Transilvânia, estava recém chegado e eu achei ele estragadíssimo, não o reconheci. Mais morto do que vivo. Olhando o chão, caminhando com dificuldade, acabado o coitado do Conde Drácula. Aí perguntei para ele: o que acontece com você, Conde?. E respondeu: olha, estou aqui.., fazendo o quê?, procurando um psicanalista. Dizem que aqui tem os melhores do mundo, olha, não sei se tem os melhores, mas tem muitos. Qualquer casa dessa, cada campainha tem um psicanalista. Mas para que você precisa de um psicanalista, Conde Drácula? - Eu tenho complexo de inferioridade incurável, mas vou tentar com ele, se alguém pode me salvar - Complexo de inferioridade por que, Conde? - Porque eu vejo como é que agem hoje as grandes corporações multinacionais, esses sim que são autênticos sanguessugas, isso eu fico... sei lá, achando que tem uma crise de identidade, de auto-estima.

Entrevistador: Outra questão que a gente sempre discute, nós jornalistas e escritores, no mundo da comunicação: como você vê hoje a mídia na América Latina, essa, que tem até a sigla, Sociedade Interamericana de Imprensa, a todo momento fala que defende a liberdade de imprensa, etc e tal, como você vê esse quadro atual?

Galeano: Sim, uma coisa é liberdade de imprensa, uma outra é liberdade de empresa. Uma coisa é liberdade de expressão e a outra diferente, às vezes até inimiga da liberdade de expressão, é a liberdade de pressão. Essa liberdade de pressão é exercida pelas grandes empresas dominantes nos meios de comunicação. Aí é preciso descobrir qual é a verdade das mentiras que cotidianamente recebe. Como aquele general mexicano, Serrano, lá pelos anos 20, ele lia o jornal ao avesso. O presidente da época, viu ele lendo o jornal ao avesso e disse: Mas general, como é que você lê o jornal assim, ao avesso, sempre? E o militar respondeu: sempre. Como assim? Por quê? - Resposta: por experiência, por experiência.

Para quem possa interessar, a íntegra da enrevista pode ser lida no link http://www.jornalpoiesis.com/mambo/index.php?option=com_content&task=view&id=258&Itemid=66

Acho que vale...

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